Economia

Como afeta o Brasil a queda do preço do petróleo

Como afeta o Brasil a queda do preço do petróleo

O preço do barril de petróleo tem sido protagonista da atualidade informativa no mundo inteiro. Pela primeira vez desde a Guerra do Golfo, a cotação da matéria prima caiu até os $30 por barril. Algumas sessões de negociação viram o petróleo descer um 30%, produzindo medo nos investidores. As causas desta descida tão importante são, essencialmente, duas: o Coronavírus e a falta de entendimento dos principais produtores e exportadores de petróleo.

O primeiro dos fatores, Coronavírus, também afetou outros produtos e mercados financeiros, como o Forex trading, os índices bolsistas ou as taxas de juros. O pânico mundial a uma pandemia que paralise as economias mais importantes do planeta —caso da China, os EUA ou a União Europeia— foi o culpável do pobre desempenho dos mercados durante as últimas semanas.

Mas também existem fatores geopolíticos envolvidos. Nomeadamente, as distintas estratégias que os membros da OPEP —a Organização de Países Produtores de Petróleo— decidiram implementar. Após a última reunião da OPEP, não houve entendimento entre duas potencias da produção de petróleo, a Rússia e a Arábia. A Rússia, numa operação que pretendia debilitar a posição dos EUA, não foi atrás da redução da produção proposta pela Arábia e o resto de países da OPEP.

Uma redução da produção teria produzido o efeito de manter o preço do petróleo estável, o qual interessava à Arábia, mas não os russos. Estes desejavam que a queda do preço afetasse diretamente aos EUA, um dos maiores produtores mundiais de petróleo de xisto. Como finalmente aconteceu, esta discrepância junto o medo pelo Coronavírus fez com que o preço da matéria prima descesse a níveis mínimos nunca antes vistos em várias décadas.

Quais são os efeitos no Brasil da redução do preço do petróleo?

Em primeiro lugar, esta redução dos preços afeta aos investidores brasileiros que tinham apostado pelo petróleo como ativo com o que operar nos mercados financeiros. Nesse sentido, os efeitos negativos serão semelhantes aos que se irão produzir no resto de países do mundo. Porém, o Brasil apresenta algumas particularidades que fazem com que o impacto desta queda dos preços seja mais preocupante.

Nos próximos meses está prevista a licitação de novas concessões para a exploração petrolífera, dentro do processo de recuperação das atividades vinculadas aos hidrocarbonetos iniciadas há um tempo. Por isso, um petróleo mais barato não será atraente para os possíveis concorrentes a essas licitações. Nesse caso, oferecerão menos dinheiro em troca da exploração, arguindo que o lucro futuro será menor do que até agora se podia prever.

Apesar da situação ser instável, o Ministério de Minas e Energia do Brasil acredita que não haverá problemas com esses processos. Por outro lado, os responsáveis acreditam que o Brasil oferece umas condições muito mais interessantes do que outros países para os investidores. Também algumas consultoras como a KPMG acham muito precipitado falar agora de problemas de investimentos ou confiança das empresas no país devido a este desajuste do preço do petróleo.

Contudo, será preciso estar atento às notícias e também na evolução do preço do petróleo. Companhias como a Petrobras podem sentir os efeitos de novas descidas. A estratégia a curto prazo da petroleira inclui a venda de algumas refinarias no contexto do seu plano de venda de ativos. O prolongamento desta situação poderia afetar a previsão original de ingressar uma quantidade entre 20 e 30 mil milhões de dólares.

O caso dos combustíveis

Como sabido, o Brasil incorporou em 2017 o sistema internacional de preços dos combustíveis, que obriga à paridade dos preços no interior do país com os dos mercados internacionais. Esta queda significativa do preço do barril de petróleo fará com que a Petrobras tenha que reduzir o preço dos combustíveis no Brasil. As estimações não são boas em relação com o custo que isso terá para a empresa petroleira nacional.

Mas o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse há uns dias que ainda não há motivos para alarmismos. O Brasil, disse o ministro do Governo, já superou situações mais complexas em relação com os preços do petróleo e as condições negativas dos mercados financeiros. Por isso, não é conveniente exagerar os efeitos desta pequena crise internacional, se bem também não seria prudente obviar as possíveis consequências do seu prolongamento durante o ano 2020.

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