Especial

Covid-19: “Quando atendo um paciente e em alguns dias fico sabendo que veio a óbito, sinto uma dor enorme por essa perda”, relata enfermeira

Covid-19: “Quando atendo um paciente e em alguns dias fico sabendo que veio a óbito, sinto uma dor enorme por essa perda”, relata enfermeira
GABRIELA RECCO

A enfermeira Deysiane Genuino da Silva Jovino atende todos os dias no Centro de Triagem da Covid-19 de Morro da Fumaça. Ela também foi escolhida pelo Morro da Fumaça Notícias para contar suas conquistas e angústias neste um ano de pandemia em Santa Catarina.

“O ano tem sido frustrante tanto para a vida profissional quanto na vida pessoal. Estamos perdendo grandes profissionais da área da saúde para a Covid-19 e percebemos que o paciente vem a óbito em um “piscar de olhos”. Agradeço a Deus que tivemos uma progressão, uma esperança: a vacina. E nós profissionais do centro de triagem fomos os primeiros a receber a dose”, coloca a enfermeira.

A equipe do Centro de Triagem de Morro da Fumaça é composta atualmente por dois médicos, duas enfermeiras, sendo uma direcionada a triagem e outra para coleta de exames. Em anexo ao centro de triagem está a parte de coleta de exame tanto de RT PCR como testes rápidos. A equipe tem um farmacêutico, uma higienizadora, e dois auxiliares de dentistas.

“Gostaria de agradecer a importância do apoio que temos em nosso município por parte da Secretaria de Saúde. Sempre demonstrando preocupação com a saúde física, mental dos profissionais e usuários do serviço de saúde, e, assim, buscando melhorias nos atendimentos”, destaca.

Maior dificuldade é o tratamento

Apesar da vacina, ela explica que a maior dificuldade encontrada no momento é a falta de um medicamento direcionado exclusivamente ao tratamento da Covid-19. “O que temos hoje são medicamentos que auxiliam no tratamento, e como podemos observar no mundo inteiro, não foi descoberto este fármaco. Outra dificuldade é referente a oferta de vacina para toda população”, explica.

Antes, medo. Hoje, desleixo

A principal mudança em relação a um ano atrás, segundo a enfermeira, é que antes “estávamos lidando com um vírus totalmente desconhecido, e hoje temos a vacina e a esperança de diminuir o número de óbitos”.

“Percebo que no início da pandemia a população tinha medo de contrair o vírus. Hoje vejo que o número de casos positivos vem crescendo a cada dia, pois algumas pessoas não respeitam mais o isolamento domiciliar e estamos chegando em um ponto crítico em nosso estado”, descreve Deysiane.

Cuidado com a família

Atendendo todos os dias na linha de frente do combate a Covid-19, a enfermeira admite ter medo de levar o vírus para a família. “Minha família é o alicerce da minha vida. Tenho medo de em algum momento levar o vírus para eles ou até mesmo de me contaminar, pois desde que iniciei no município foi um desafio constante na minha vida profissional e pessoal. Até o momento não contraí o vírus e nem minha família e faço o possível me cuidando muito no Centro de Triagem, e, também, quando fora do ambiente de trabalho”, comenta.

Essa insegurança diária em talvez estar levando o vírus para casa causa uma frustração, assim como a perda de um paciente. “Quando atendo um paciente e no dia seguinte ou em alguns dias fico sabendo que veio a óbito sinto uma dor enorme por essa perda”, conta.

Reflexão e amor ao próximo

Depois de relatar um pouco da sua história, a enfermeira Deysiane adianta que não vai pedir para que as pessoas usem máscara como a mídia vem divulgando em relação às medidas preventivas. Para além disso, ela pede uma reflexão da sociedade.

“Pergunte a si mesmo: você ama tanto seu familiar que reside na mesma casa com você? Se sua resposta for sim, não se aglomere. Tome as medidas preventivas e recomendadas pelo Ministério da Saúde. Você pode matar um deles levando o vírus para casa, ou até mesmo o profissional de saúde que não te conhece, mas que cuida de você”, finaliza.

You must be logged in to post a comment Login

Leave a Reply

Topo