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“Os nossos filhos são o nosso amor maior aqui na terra”, conta uma “Mãe de UTI”

“Os nossos filhos são o nosso amor maior aqui na terra”, conta uma “Mãe de UTI”
Gabriela Recco

O domingo (8) marca uma data especial para todas as mamães do nosso Brasil. Marca também, o 84º dia em que Kelly Fernandes Silveira Xavier está na UTI de um hospital de São Paulo acompanhando o tratamento da filha Helena. Será, também, o primeiro Dia das Mães longe do filho mais velho, Arthur.

“O período que fiquei mais tempo sem ver o Arthur foram 14 dias. Ele está com o pai em Morro da Fumaça. O Dia das Mães é uma data especial. Se estivéssemos em casa é claro que estaríamos num almoço em família comemorando. Mas no momento sei que tenho que estar aqui. E que também, o Arthur, precisa estar bem, no jeitinho dele. Esse é o primeiro Dia das Mães que vou passar longe dele, e sei que no próximo vamos estar em casa comemorando, com meus dois filhos”, conta.

Doença rara do coração

A pequena foi diagnosticada ainda com 22 semanas com a Síndrome da hipoplasia do coração esquerdo, uma doença rara que provoca uma série de anomalias cardíacas, e que atinge uma em cada cinco mil crianças. Desde então, Kelly e o marido Lucas Xavier buscaram todas as alternativas para o melhor tratamento da filha.

“Quando descobri o diagnóstico da Helena fiquei sem chão. Fomos atrás para descobrir o melhor tratamento, o melhor hospital, os melhores médicos para que pudéssemos fazer o possível por ela. O resto, sabíamos que estava na mão de Deus”, descreve.

Mãe de UTI

No hospital que é referência no tratamento na América Latina, as chamadas “mães de UTI” são inúmeras em busca da cura de seus filhos. “Mãe de UTI é como somos chamadas aqui no hospital por todo o processo que passamos com nossas crianças. Estamos aqui sem previsão de alta. Tem um médico que quando chega aqui, ele olha para mim primeiro. Porque ele diz que quando a mãe está bem, o filho também vai estar. E é verdade isso”, coloca Kelly.

Embora sinta muito a falta do Arthur, Kelly sabe da responsabilidade que carrega ao lado de Helena. “Ela precisa de mim aqui. Eu sinto falta dele, mas entendo que a rotina dele foi totalmente alterada. E quando meu filho está bem, eu fico bem. Mesmo que isso implique eu passar um tempo longe dele”, desabafa emocionada. “Não é fácil para mim enquanto mãe. Meu único desejo é de que tudo isso passe logo e que a gente, nós quatro, possamos voltar para nossa casa, nossa rotina. Porque estar aqui dentro, todo esse tempo, é angustiante”, acrescenta.

O primeiro desafio como mãe

Kelly já enfrentou um período difícil na primeira gravidez, embora nada comparado com o atual momento. “E eu venho passando por esse processo desde a chegada do Arthur. Ele também quando nasceu ficou por alguns dias na UTI por conta de uma infecção, onde foi muito doloroso. Era meu primeiro filho, não esperava porque tive uma gravidez bem tranquila”, pontua.

“Tudo que a gente quer quando está grávida e vai para o hospital ganhar nosso filho é logo em seguida estar em casa, curtindo eles, recebendo a família, os amigos, para uma visita. Essa etapa, eu pulei. Fiquei na UTI e vendo o sofrimento deles, ligados por um aparelho. Isso dói muito, não só para mim como mãe, mas para meu marido”, acentua.

Quando engravidou da Helena, o primeiro pedido que Kelly fez para Deus foi que pudesse sair do hospital com ela e ir para casa. “Que eu pudesse ter com ela aquilo que eu não tive com o Arthur. Mas, Deus me deu outra história, um outro desafio. Acho que Ele me acha forte o suficiente para encarar tudo isso”, conta.

Aproveitar cada momento

Mesmo distante, Kelly carrega consigo um amor indescritível pelo filho Arthur. E sente muito a falta de contato físico diariamente. “O importante é aproveitar cada dia com ele. Cada momento que a gente fica junto, brincando. Muitos beijos, abraços. Ele é muito carinhoso”, relembra.

“Sempre penso, desde o início, é que a Helena precisava nascer numa família que fosse fazer o possível por ela. Foi por isso que Deus a mandou para mim. Ele sabia que íamos fazer o possível e impossível para cuidar dela. A Helena fez a primeira cirurgia e se saiu muito bem. Vai passar por outra, daqui um mês, e tenho certeza de que vai ficar tudo bem de novo”, relata a mamãe.

“Embora os momentos de tristeza venham, mas cada sorriso dela, cada resultado de exame que apresenta melhora, cada vez que o médico diz que ela está evoluindo, isso é muita felicidade”, expressa.

Alerta para as mamães grávidas

Kelly aproveita para alertar as futuras mamães quanto aos exames de pré-natal. “Durante a gravidez façam o exame ecocardiografia fetal, ele é específico do coração, geralmente feito nas 24 semanas. Muitos médicos não pedem este exame. Mas é muito importante o diagnóstico precoce. Porque podemos ter tempo para nos preparar, estudar sobre a doença”, alerta.

A vida é um sopro

Para Kelly, a frase “eu não vou conseguir” deveria ser extinta do vocabulário das mães. “A gente consegue tudo, principalmente, quando estamos falando dos nossos filhos. Do diagnóstico da Helena, de tantas leituras dizendo que seria difícil sobreviver, eu consegui. A minha filha conseguiu. Essa frase não existe mais no meu vocabulário. Porque tudo que a gente quer, com fé em Deus, com força de vontade, a gente consegue”, comemora.

“A vida é um sopro. Então a gente tem que aproveitar cada momento. Às vezes eu falhava com o Arthur. Chegava em casa do trabalho, serviço da casa para fazer. Mudei. Agora faço o que é mais rápido e necessário, para aproveitar o máximo de tempo com ele. Aqui no hospital é muito carinho e colo. Eles crescem, passa muito rápido. Os nossos filhos são o nosso amor maior aqui na terra”, finaliza Kelly nessa linda história de amor e superação.

FELIZ DIA DAS MÃES, KELLY!

“Os nossos filhos são o nosso amor maior aqui na terra”, conta uma “Mãe de UTI”

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