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Morro da Fumaça 57 anos: “Lugar de gente séria, trabalhadora e solidária”

Morro da Fumaça 57 anos: “Lugar de gente séria, trabalhadora e solidária”
GABRIELA RECCO

“Se tem alguém com orgulho deste município sou eu. São pessoas sérias, trabalhadoras, e muito solidárias. Por onde eu vou, quando me perguntam de onde eu sou, eu digo com orgulho: sou de Morro da Fumaça”. E assim começa a história repleta de emoções do fumacense Deoclésio José Mendes, filho de Demicio Joaquim Mendes (in memoriam) e Iracema Mendes.

Kéio, como é conhecido, é o mais velho dos quatro irmãos: Djalma (in memoriam), Dianildes, Dilnei e Maricelia. Casado com Claudenir Marques Mendes com quem tem três filhos: Braitner, Mirela e Demicio, ele recentemente virou avô do pequeno Nícolas. Durante toda a entrevista, ele não escondeu sua emoção em falar da sua história e de Morro da Fumaça.

“Aprendi que temos que ter amor a família, amor aos amigos, ter uma boa vizinhança, ser fiel e amigo. Meu maior patrimônio é a minha família e meus clientes. Eu busco preservar”.

Uma história de cinco décadas

Dividindo os estudos com o trabalho, aos 16 anos Kéio começou a trabalhar com o pai na empresa que leva o nome dele: Demicio Joaquim Mendes ME. Uma pequena empresa de artefatos de cimento que existe no município há 52 anos.

“A empresa começou numa sociedade entre meu pai e o irmão dele, tio Valter Mendes. Mas, em 1967 a sociedade foi desmanchada. Meu pai começou fabricando ladrilhos muito usados na época em igrejas pelo Brasil. Na Capela Nossa Senhora do Carmo, na Linha Torrens, hoje ainda existe ladrilhos feito por ele. Na Igreja Matriz São Roque também tinha, antes da reforma”, lembra Kéio.

Depois de muito anos deixou de fazer o ladrilho para fazer fossa séptica. “Vendíamos muito para lojas da região, principalmente, de Criciúma, além para residências. Também passamos a fazer fogão a lenha”, destaca. Depois do falecimento de seu Demicio, há 13 anos, a empresa precisou trocar de nome para Indústria e Comércio de Artefatos de Cimento Mendes EIRELI.

“Eu não sei trabalhar em outro lugar senão aqui. Acabei de me aposentar. Mas continuo aqui, junto com meu irmão Dilnei, que é meu braço direito”. Emocionado, Kéio relata o orgulho que teve de trabalhar por mais de 30 anos com o pai. “Se tinha um homem sério era ele. Pessoa de ética, de palavra. E eu procuro fazer o mesmo. Crio meus filhos pensando da mesma maneira”.

Trabalho artesanal

A empresa fica localizada na esquina das ruas Tadeu Sigieski Jr com a Rua José Cechinel, no centro da cidade, e mantém as mesmas características de quando foi construída pelo senhor Manoel Goulart. Tem como produtos tanques de lavar roupa, varal de roupa e fogão a lenha. “Até faço alguns enfeites de jardins, como vasos, mesas e banquinhos, mas só com pedidos”, pontua.

Cimento, ferro e areia são as principais matérias-primas. Um fogão a lenha, carro chefe de vendas, para ficar pronto leva em torno de 30 dias. Entrega na residência pronto e montado. Um trabalho 100% artesanal e que exige muita força no braço. “O carro chefe da nossa produção também era a fossa séptica. Só que há quatro anos passamos por um problema de normas. Até fico triste, porque simplesmente me disseram que não podia mais fazer, sem dar a chance de me adequar”, reclama.

Para Kéio, a sua maior propaganda é a satisfação do cliente. “O meu cliente é aquele que vem uma vez aqui, e depois volta trazendo mais alguém. Espero dia a dia que apareça alguém para comprar. Não tenho empresa que eu venda em grande quantidade. É assim que sobrevivo”.

Tradições mantidas

Além de manter a forma de fabricar os produtos, Kéio ainda se orgulha de outras tradições mantidas. “A contabilidade da nossa empresa é feita até hoje em Urussanga, na contabilidade Damiani que também vem passando por gerações. Mas, referindo-se a clientes, tenho ainda mais orgulho de atender a família Maccari. Desde quando meu pai era vivo, vendíamos para o seu David Maccari (in memoriam), depois para o seu filho Lauro, para o neto Laurinho Maccari e agora para a bisneta Thamara S. Maccari. Olha a geração que passou! E nós estamos aqui, uma empresa pequena. São pessoas que acreditam no nosso trabalho e produto”, fala com olhos cheios de lágrimas.

O futuro

“Morro da Fumaça mudou bastante. Aqui ao redor da nossa fábrica não tinha o posto de gasolina, não tinha esses prédios. Só tinha a casa de madeira do seu Mário Bertan”, relembra. Para o futuro, Kéio já sabe que a empresa irá parar por ele. “Ela não vai dar sequência. Eu não quis que meus filhos viessem para cá. É um serviço pesado e não queria isso para eles, então, incentivei-os para estudarem e seguirem suas carreiras profissionais”.

Hoje o único arrependimento que tem é de não ter ensinado alguém. “Não é pelo dinheiro, mas sim pela história que temos. Uma empresa para sobreviver 50 anos no mundo que estamos, é difícil. Só que temos nossa marca nesta cidade”, conta.

A política

Com 62 anos de idade, Kéio relata que o único problema que houve em Morro da Fumaça foi a política. “É uma cidade que ficou amarrada. Mas não dá para entrar em discussão, porque cada um tem um lado. Porém, sempre foram os mesmos grupos tomando conta do município sem dar chance para novas pessoas”.

“E agora surgiu o Noi Coral, que é um guri que nunca foi metido em política. E caiu no colo dele uma eleição para ser prefeito. Está fazendo um trabalho de se aplaudir. Acredito que Morro da Fumaça ainda será uma das melhores cidades de viver. Tirando algumas marcas deixadas pela política, é um lugar de povo sério. Nunca fui logrado por nenhum cliente fumacense”, finaliza.

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