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A importância da família no desenvolvimento da criança com diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista

A importância da família no desenvolvimento da criança com diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista
Gabriela Recco

Inicia nesta segunda-feira (21) a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla 2023, que tem como tema: “Conectar e somar para construir inclusão”. A APAE de Morro da Fumaça, em parceria com o portal Morro da Fumaça Notícias, abre uma série de reportagens especiais com a história da pequena Maria Laura Ceolin Medeiros, de cinco de anos de idade. Filha única do casal Geovani Possa Medeiros e Amanda Ceolin Dela Vedova, ela nasceu em setembro de 2017 de uma gestação tranquila, com acompanhamentos pré-natal regularmente.

Com dois anos de idade, Maria Laura chegou no Centro de Atendimento Especializado (CAESP) Bem Me Quer, mantido pela Apae de Morro da Fumaça, com limitações em diversas áreas do desenvolvimento e recebeu o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ela tinha grandes dificuldades de socializar, interagir, se comunicar e de entrar e permanecer nos diversos ambientes. Recentemente, após três anos frequentando regularmente os atendimentos individuais nas áreas da pedagogia, fonoaudiologia, musicoterapia, fisioterapia, psicomotricidade e terapia ocupacional e os acompanhamentos da neuropediatria, psicologia e serviço social, a menina recebeu alta do CAESP.

“Até o primeiro aninho de vida foi normal. Ela andou com um ano e quatro meses, mas o que foi chamando a atenção foi o fato de ela não falar. Ela resmungava alguma coisa, mas não saiam palavrinhas e de repente parou. Numa das consultas no pediatra ele comentou sobre um pequeno atraso na fala e que poderia ser autismo, e nos encaminhou para um neuro avaliar melhor. Foi onde escutamos pela primeira vez sobre o autismo”, explica a mãe Amanda. Outra recomendação foi matricular a pequena Maria Laura na escola.

“Fizemos exames de tomografia e audiometria e tudo deu bem. Matriculei ela na escola e começamos imediatamente o atendimento com a fonoaudióloga”, conta.

A chegada no CAESP/ APAE

“Eu já não tinha preconceito com a APAE, então foi tranquilo o encaminhamento da fonoaudióloga para a entidade. E eu sabia que era para o bem da Maria Laura. Mesmo que na época não se ouvia falar tanto em autismo, diferente de hoje que tem muitas informações, a chegada na APAE foi com sentimento de esperança”, acrescenta.

Depois da entrevista inicial com a psicóloga e com a assistente social, logo começaram os atendimentos especializados. “A adaptação da Maria Laura na escola e na APAE foi bem difícil. Mesmo sendo poucas horas, foi sempre chorando. Mas seguramos firmes, compreendendo que tudo isso iria passar e ela iria se adaptar”, pontua a mãe.

“Quando a Maria Laura foi matriculada, eram nítidos os comprometimentos nas habilidades sociais, uma das áreas em que o Transtorno do Espectro Autista mais acomete a criança. Hoje ela se comunica e interage socialmente com os colegas e profissionais, ampliou significativamente seu repertório de interesses, realiza as atividades propostas pelos terapeutas, compreendendo e atendendo os comandos e apresentando comportamento adequado nos diversos ambientes que frequenta. E assim, foram grandes os avanços”, relata a Coordenadora Pedagógica do CAESP, Adriana Aparecida Pagnan.

De acordo com Adriana, são cinco as principais áreas do desenvolvimento infantil, que são trabalhadas no CAESP para que a criança tenha menos prejuízos na fase adulta: cognição, motora, linguagem, socialização e autocuidados. “Maria Laura atingiu os marcos do desenvolvimento, exceto na área da linguagem que foi uma das últimas que ela desenvolveu e por isso a orientação de continuar com o atendimento de fonoaudiologia, que ficará na responsabilidade da família”, pontua.

A emoção de receber a notícia da alta foi inexplicável para Amanda. “Eu esperava a alta dela, mas lá pelo final do ano. Eu não sei nem como explicar essa emoção”, diz.

A importância da família

“A negligência familiar, infelizmente, atrasa o desenvolvimento de uma criança. Assim como, o comprometimento familiar faz toda diferença na evolução, uma vez que a fase de maior desenvolvimento é do zero aos seis anos de idade. Aceitar e procurar ajuda é muito importante para a criança”, acentua a Coordenadora Pedagógica.

No caso da pequena Maria Laura, o CAESP/APAE de Morro da Fumaça cumpriu seu papel, ofertando todos os atendimentos possíveis, destaca Adriana. “Mas o compromisso da Amanda e toda a família foi fundamental, pois raríssimas vezes a Maria Laura faltou nos atendimentos. Isso fez muita diferença”, enfatiza.

A mensagem da Amanda para pais e familiares que têm um filho com indicativos do Transtorno do Espectro Autista, é que deixem o preconceito de lado. “Eu não sei dizer o que é preconceito porque nunca passamos por nenhuma situação. Dentro da nossa família tivemos muito amor e acolhimento, desde o primeiro momento com a Maria Laura”.

“Na mesma hora em que receberem o encaminhamento para avaliação na APAE, procure logo a instituição. No mesmo dia. Esqueçam o preconceito!”, finaliza Amanda, que além de sua história como mãe atípica, fez questão de tatuar o símbolo do autismo no braço como forma de amor e respeito.

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