Segurança

Delegado Marcio Neves desabafa: “Estamos proibidos de prender pessoas”

Delegado Marcio Neves desabafa: “Estamos proibidos de prender pessoas”
Gabriela Recco

O Delegado de Morro da Fumaça, Marcio Campos Neves, concedeu entrevista exclusiva ao portal Morro da Fumaça Notícias na tarde desta segunda-feira (19). O principal assunto foi a série de furtos que vem acontecendo na cidade, inclusive, o último na noite de ontem.

“Temos conhecimento de quem são os autores. São quatro indivíduos, sendo que um já está preso. Estamos acompanhando os casos e trabalhando para resolver isso. Só que temos dificuldade no direito de conseguir as provas”, afirma.

De acordo com o delegado, a prisão só acontece quando tem homicídio, estupro, assalto com arma ou agressão física, entre outros casos graves. “O furto não tem violência e nem ameaça contra pessoas. Os danos que eles estão cometendo são contra objetos”, explica.

Outro problema do furto em si é a prova, destaca Neves. “Uma coisa é ter certeza do autor, outra é provar. A gente vê as imagens e claramente se define quem é a pessoa. Só que isso é muito pouco para provar. Tem que ter, por exemplo, uma tatuagem ou se tiver o rosto bem visível para ter certeza da pessoa”, pontua Marcio Campos Neves.

Ele ainda coloca que por falta de provas, é melhor a liberdade do que a prisão. “Isso é o que a Lei fala. Para prender tem que ter cometido um crime grave, ou seja, é com violência ou grave ameaça”, reforça o delegado. Neves também destaca que normalmente o furto não tem testemunha. As pessoas que eventualmente têm o testemunho, mas não querem dar depoimento. “Eles até denunciam, mas não falam, ou porque tem medo ou não querem se envolver”, conta.

A Lei trabalha para soltar

“A regra para a população e para a polícia é que estamos proibidos de prender, e quando prender, a Lei trabalha para soltar. Em muitos casos hoje em dia, não precisa mais nem de advogado. E isso é a Legislação que determina. A polícia e o juiz tem que cumprir as decisões superiores, do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça de Santa Catarina. E a jurisprudência está montada hoje para impedir a prisão”, coloca o delegado.

Indignação dos moradores

Neves ainda conta que um dos autores dos furtos já foi intimado diversas vezes. “Ele vem aqui na delegacia, nós apresentamos as denúncias contra ele. Ele tem o direito de ficar calado e confessar, e sempre fica em silêncio. E por não ter flagrante e ordem judicial, ele fica em liberdade. O fato é que como ele não para com os furtos, colocando em risco a ordem pública, é um motivo que justifica a prisão e estamos trabalhando firme neste caso”, antecipa Neves.

“Nós entendemos a indignação das pessoas. Tem vários processos e inquéritos contra eles, vários pedidos de prisão. Estamos trabalhando para levantar o máximo de provas e conseguir a prisão. Se dependesse da polícia ele já estava na cadeia”, afirma.

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